A Nossa Cidade
(2021)
NOMEAÇÕES
Eleito um dos melhores espectáculos do ano de 2017 pelo jornal Expresso e revista Time Out
Nomeado como Melhor Espectáculo de 2017 pela SPA – Sociedade Portuguesa de Autores
ONDE E QUANDO
Lisboa
Teatro do Bairro Alto
8 a 18 de Julho de 2021
Viseu
Teatro Viriato
24 de Julho de 2021
“É uma das peças mais duras, tristes e brutais com que já me deparei. E é tão bela, e quando é cómica é gloriosamente cómica. (…) Há cenas em A Nossa Cidade em que é difícil para mim pensar sem ter vontade de chorar. (…) É provavelmente a melhor peça americana escrita até agora.”
Edward Albee, 2011
Neste clássico da dramaturgia experimental, um diretor de cena apresenta-nos com precisão, compaixão e ironia as ruas e pessoas de Grover’s Corners, cidadezinha fictícia de Nova Inglaterra no início do século XX. Mas este retrato tão específico pode ser uma maneira de falar de coisas talvez universais: a experiência humana do tempo; o quotidiano, o amor e a morte. Em março de 1964, a estreia de uma produção de Our Town em Anchorage, no Alasca, foi cancelada por causa de um fortíssimo terramoto; em março de 2020 e de novo em janeiro de 2021, foi uma pandemia que adiou A Nossa Cidade. Este espetáculo, que agora finalmente estreia, junta pela primeira vez três jovens companhias de Lisboa. Num gesto que não pode deixar de ser de resistência, desenham uma cidade a várias mãos para nos vermos nela. A força deste encontro nasce de uma vontade de questionamento, diálogo e observação conjunta sobre a forma como cada companhia e cada um de nós está – no teatro e na cidade.
FICHA TÉCNICA/ARTÍSTICA
Texto: Our Town (1938) de Thornton Wilder
Criação e produção: Os Possessos, Auéééu – Teatro e Teatro da Cidade
Tradução: João Pedro Mamede e Catarina Rôlo Salgueiro
Criação e interpretação: Beatriz Brás, Catarina Rôlo Salgueiro, Filipe Velez, Guilherme Gomes, Leonor Buescu, Isabel Costa, João Silva, Joana Manaças, Miguel Cunha, Nídia Roque e Sérgio Coragem
Produção: Raquel Matos
Estagiária de apoio à criação e assistente de produção: Joana Silva
Desenho e operação de luz: Rui Seabra
Desenho de som: André Carinha Mateus e José Neves
Operação de som: André Carinha Mateus
Cenografia, adereços e figurinos: Bruno Bogarim
Coprodução: Teatro do Bairro Alto e Teatro Viriato
Residência de produção: O Espaço do Tempo
Fotografias: Bruno Simão
Projeto apoiado pela República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes
Duração: 2h30
FOLHA DE SALA
Topografia é o segundo espectáculo do Teatro da Cidade. Depois de Os Justos, de Albert Camus, decidimo-nos a um novo desafio: a criação colectiva original de um espectáculo que se debruça sobre o conceito de comunidade.
O teatro obriga-nos a experienciar este conceito, e quanto mais colectivo é o processo, mais nos confrontamos com a experiência de saber estar em comunidade. Quando decidimos ser “criadores colectivos” – palavras que, juntas, já por si se tornam paradoxais – abdicamos, em grande parte, da nossa individualidade para que de alguma forma a possamos testar ao mesmo tempo.
Saber que aos grupos de teatro se chama companhia é algo que diz bastante sobre a natureza do que se faz em palco. E, assim, a palavra companhia é cara ao conceito de Comunidade. O teatro é, ou pode ser, lugar para contrariar o que no mundo se vai vivendo:
se os dias correm mais depressa, no teatro a espessura do tempo, como nas ruínas, segura-nos; se nos tornamos individualistas na vida quotidiana, no teatro estamos inevitavelmente juntos.
Sobre Topografia pode dizer-se, sem querer entrar em autodefinições, que nasce da nossa cabeça, pode ser espelho destas pessoas, e assim há-de funcionar mais como espectáculo sobre a comunidade que é o Teatro da Cidade do que sobre outra comunidade qualquer. No entanto é sobre o mundo que queremos reflectir e para isso usamos referências e criamos situações que nada têm de nós.
Não há forma de reflectir inteiramente sobre um conceito tão vasto como Comunidade – algo que aprendemos com Os Justos e a Justiça – reflectimos sobre parte disso; e se nos propomos a pensar não encontraremos resposta: estamos, apenas, a iniciar um período de atenção em relação ao tema.